Escola Shiro Ryu
Contate-nos
(88)9671-7132
KARATE-DO GOJU-KAI
Por que treinar ?
Existem várias razões para um aluno entrar para uma academia de artes marciais. Alguns entram para emagrecer, outros para aprender a autodefesa e há ainda aqueles que pretendem aumentar a autoconfiança. Seja qual for a razão que faz com que cada aluno se matricule em uma escola de Karate, por exemplo, ele aprenderá algo muito importante que servirá para toda a sua vida, em todos os momentos: a atenção a
si mesmo.
A atenção começa quando a pessoa se depara com a necessidade de diferenciar a esquerda da direita, a altura de um golpe, a força de seu soco ou chute, ou o controle para não machucar o colega de treino. Essa mesma atenção continua no dia seguinte ao treino, em relação aquele músculo dolorido, que o aluno nem sabia que existia. Atenção às instruções do professor, ao invés do movimento do lado de fora da área de treino.
Motivo 1. Atenção ao que interessa
As artes marciais foram se desenvolvendo em épocas de guerra, em batalhas onde perder a atenção significava perder a vida. Esses métodos tornavam não só os guerreiros mais fortes, mas principalmente mais atentos, em todos os momentos. Um artista marcial sabe que o desenvolvimento da sua percepção é para todo o momento. Ele sabe que é uma pessoa só, e aquela percepção ou atenção irá acompanhá-lo a qualquer lugar.
Depois de algum tempo de treino, o praticante das artes marciais começa a perceber que suas notas na escola estão melhorando, que seu desempenho no trabalho está aumentando e que sua família está mais próxima, pois sente que está tendo mais atenção.
Esta percepção começa a se refletir em todos os aspectos da vida do aluno. Ele começa a perceber coisas sobre si mesmo que não notava antes e a prestar mais atenção aos mínimos detalhes de suas ações e atitudes. Sente a água caindo em suas mãos enquanto lava um copo, a textura da comida que está sendo mastigada, assim como o seu gosto. Também passa a perceber os aspectos físicos do seu corpo e de suas ações, que antes passavam despercebidos pela rotina e por nossa reações muitas vezes automáticas, sempre esperando o que está para acontecer e lamentando o que passou, mas nunca presente neste momento.


Motivo 2. Controle Emocional é lição valiosa
As artes marciais fazem com que o praticante confronte o seu pior inimigo: ele próprio, representado por suas emoções. O controle emocional exige que a pessoa analise suas responsabilidades, culpas ou ressentimentos. Afinal, o descontrole ocorre quando há consequências negativas de uma determinada situação. Se o artista perder o medo de errar, assumir a sua responsabilidade pelas suas ações e, principalmente, perdoar-se por tudo o que fizer de mal, estará livre do medo das emoções.
Aí o artista marcial conquista o pleno conhecimento de si mesmo, em todos os aspectos, o físico, o mental e o emocional. Controla todos os aspectos da sua vida. Sabe que sua vida está interligada a todas as outras, mas que tem pleno controle sobre suas próprias ações. O praticante de artes marciais vislumbra que aprender a lutar é o caminho, a ferramenta para desenvolver todos os aspectos do seu autoconhecimento, e pré-requisito para o seu autocontrole.
Ele aprende que toda a luta foi para combater a si mesmo, e que ele sempre seria o vencedor no final, e que não existe o inimigo externo. E quando todos chegam a este estágio de desenvolvimento não há mais lutas, somente a paz, pois a verdadeira luta é interior.
E esta é a essência e o paradoxo das artes marciais: aprender a lutar para nunca mais precisar lutar...

Motivo 3. Espiritualidade
"Certa vez eu disse para um amigo, que foi uma pena que não tivéssemos tido oportunidade de praticarmos o Karate, porque na nossa época ainda não havia a disseminação dessa arte marcial, principalmente nas cidades pequenas como as que morávamos, pois teríamos tido mais chance de nos tornarmos mais disciplinados para termos iniciado uma vida mais espiritualizada, mais cedo.
Pois bem, esse meu amigo se espantou com o que eu lhe disse e indagou-me: “mais que diabo é isso rapaz? Espiritualizar-se na briga?
Era o que praticamente todas as pessoas pensavam a respeito das artes marciais. Tive pois, que lhe explicar o que eu já havia pesquisado, porque eu também achava que aprender a lutar era uma forma de se fazer respeitado e até temido, de forma que ninguém se arriscaria a nos molestar.
Eu também estava errado. Descobri por exemplo, que o Karate (Caratê em português) é uma arte que foi desenvolvida pelo mestre Gichin Funakoshi¹, aliás deve-se dizer que ele foi o seu fundador. Assim, para melhor compreensão, a etimologia da palavra Karate significa: Kara = vazio; Te = mão. Ou seja = mão vazia. É como Funakoshi explicava, porque todo o carateca bem formado por um verdadeiro mestre, se recusa a recorrer às armas além das mãos e dos pés, até porque o objetivo do estudante de Karate não é somente de aperfeiçoar essa arte, mas também e principalmente de purificar o seu coração e mente, ou melhor dizendo, do seu espírito, de todo o desejo terreno e de toda a vaidade. Assim, todas as artes marciais, não obstante as suas diversidades, têm também esse mesmo objetivo.
O que as artes marciais não são e não devem ser vistas, é como apologistas da violência, pois o seu combate deve ser contra o ódio, para disseminar o amor. Contra a preguiça, para incentivar as ações produtivas As técnicas ensinadas pelas diversas escolas de artes marciais, possibilitam o confronto com alguém não só para se defender, mas também para sair em defesa de outrem (o mais fraco) que esteja sofrendo agressões físicas, assalto, etc.
Segundo conta a lenda, um monge budista da Índia, chamado Bodhidarma, teria ido (século VI), para o mosteiro de Shaolin, na China, onde se colocou em meditação por cerca de 9 anos. Ao final desse tempo teria criado o Chan, uma nova forma de budismo que no Japão se dá o nome de Zen. Então, naquela época, Bodhidarma teria encontrado os monges daquele mosteiro, muito debilitados, de sorte que lhes ensinou uma série de movimentos para restaurar-lhes a saúde física, o que hoje se denomina de Kung Fu, que teria sido a semente do Caratê, por isso no ano de 630, o imperador Tai Tsung pediu a àqueles monges para expulsarem os mongóis, autorizando-lhes a formarem em torno de uns 500 monges guerreiros, crescendo assim a fama daquele mosteiro. Assim é que dessa escola chinesa, saiu o caratê que começou a ser ensinado na ilhas Ryu Kyu situada ao sul do Japão.
Na verdade a essência das artes marciais tem por base ensinar o adepto a defender sua integridade física, do inimigo, sem o uso de armas, tendo em primeiro lugar que fortalecer sua mente. Somente depois ele deve compreender que a rigidez do seu corpo deve dar lugar à flexibilidade e quando frente ao perigo, deve manter seu autodomínio e não se apavorar. Para isso é que recebe o treinamento para desenvolver seu corpo e espírito. Para concluir, pode-se dizer que o Cartê, assim como todas as artes marciais devem ser tomadas como um caminho iniciático, cujo objetivo do adepto é trabalhar sobre si mesmo abstendo-se das coisas violentas e frustrantes da vida, para construir-se a si próprio, de forma física, mental e espiritual."
Texto por Luiz Carlos Nogueira
1 - Sensei Gichin Funakoshi citado pelo autor é considerado como o Pai do Karate Moderno. Contudo o Karate tem suas origens a tempos mais temotos.